Um post enorme.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Em épocas de ENEM é bem normal pensar de novo sobre o que se quer ser quando crescer. Esse ano eu deslizei entre mais duzentas e cinquenta alternativas. Cheguei a uma conclusão, mas ainda é meio confuso. Todavia, esse não é o caso em questão.
É que outro dia, a caminho do dentista, eu estava olhando out doors com propagandas de escolas particulares caríssimas da nossa querida Fortaleza. A propaganda trazia o sorriso ainda composto por dentes de leite de uma criança dizendo qualquer coisa sobre futuro garantido.
Eu estudei o ensino fundamental em uma escola pública que era perto da minha casa no agradável município de Maracanaú. Meus pais tinha toda uma ideologia sobre escolas públicas e não tinham grana o suficiente para uma boa escola particular da capital... Resumindo, anos de glória no Carlos Jereissati. O que eu quero enfatizar com isso, é que as crianças do CJ também tinham seu sonhos. Eu sempre tive em mim a certeza de que as coisas dariam certo, de que eu chegaria a faculdade e tudo mais. Os meus pais tinham certa estrutura para me oferecer isso, mas não era o caso de todos. Aliás, o caso de quase nenhum. Certa vez, em uma gincana em 2005 eu acho, a missão era achar algum aluno que estivesse na faculdade. Eu particulamente conhecia duas, ambas em faculdades privadas. A minha vizinha que também estudou lá, entrou na uece no ano seguinte. A escola era relativamente nova, e só ia até o Nono Ano (na época, Oitava série), e achar alguém na faculdade era digno de missão de gincana. E se não me falha  a memória, das nove equipes (com cerca de 50 alunos cada), alguma ficou sem completar essa prova.
Quando eu estava no último ano, houve palestras sobre profissões e coisas assim. Dentistas, engenheiros, pedagogos, e profissionais de diversas áreas foram falar sobre suas profissões. Eu queria ser jornalista e tinha plena consciência que chegaria lá. Mas nem todo mundo falava em faculdade, terminar o segundo grau já era muito. Duas meninas queria ser médicas, mas nem elas mesmas acreditavam nisso. É muito diferente. 
Numa sala de aula de um colégio particular, a menina fala que quer ser médica e ela sabe que vai ser. Afinal tem que seguir a carreira da família. 
Quando eu passei pro ifce (até então cefet) a minha escola colocou uma faixa em minha homenagem, para provar que alguém dali poderia dar certo. Nada paga a alegria nos olhos do meu diretor quando eu voltei lá para contar o resultado da prova. E lá no ifce eu encontrei pessoas que também diziam que queria fazer alguma coisa da vida  e eu sabia que iriam conseguir. Nem todas queria fazer medicina, mas letras, geografia, engenharia de petróleo, engenharia da computação, biblioteconomia, estudar no ita, no ime, não sei mais onde. Mas continua diferente. 
Existe um ifce no Maracanaú que democratizou o ensino técnico e o superior. E muitas pessoas estão dando certo (algumas pessoas da minha escola já tem empregos muito bem pagos e eu nem abri conta no banco ainda), são perspectivas que não existiam tempos atrás. E eu fico muito feliz por elas, mas algumas ainda estão em empregos mal remunerados que nem exigem algum tipo de qualificação. Tirando a porcentagem, ainda que diminuta, dos que penderam para a criminalidade. Sim. Uma vez eu presenciei um assalto e conhecia de vista o assaltante.


O meu ponto, é que me dói o estomago viver nesse mundo de tanta desigualdade. Mesmo que hoje haja uma possibilidade de movimentação entre classes sociais, crianças com mesma capacidade já nascem em posições distantes nessa corrida. Não que todos tenham que ter dinheiro para ir de jatinho até Nova Iorque, mas é uma imensa crueldade ver sonhos que nem tem o direito de florescer sendo esmagados assim.


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Esse foi um post emergencial, porque o pobre blog recém criado não merecer ficar as moscas do abandono.
O João vai tomar vergonha e fazer um post muito bacana para vocês.
Eu queria falar desse assunto com mais tato, e escrevê-lo melhor. Mas é um post de emergência e eu estou ocupada (já devia estar na cama) de mais parar rescrever coisas :)
Vou colocar imagenzinhas para ficar bonito, beijos.







PS: Eu tinha escrito isso durante a madrugada, mas pela pura ironia do destino a internet caiu bem na hora que eu cliquei em enviar. Mas vai agora.

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